A explicação que correu para o povo, foi que a locomotiva estava com baixa pressão e o foguista forçou uma recuperação rápida da pressão.
Sempre tive curiosidade de saber o que ocorreu e num belo dia, apareceu a foto da locomotiva 1001 no Facebook, postada pelo amigo Vanderlei Antonio Zago. Foi esta locomotiva que explodiu neste acidente.
Locomotiva 1001 - Estrada de Ferro Sorocabana
Imagem postada no Facebook, por Vanderlei Antonio Zago.
As locomotivas da série 1000 da Sorocabana eram as maiores e mais potentes locos a vapor que rodaram na ferrovia. Foram compradas 22 unidades destas locomotiva, fabricadas pela ALCo (EUA) e Henschel & Sohn (Alemanha), entre os anos de 1929 e 1940.
Algumas informações complementares:
Modelo: Ten Coupled
Classificação: 4-10-2
Numeração série: 1000
Fabricante: ALCo (American Locomotive Co (EUA)
Quantidade de cilindros: 3
Locomotiva 1003, irmã da 1001. Dados técnicos.
Imagem de divulgação da ALCo.
Fonte: http://narrowmind.railfan.net/
O acidente ocorreu no dia 13 de Setembro de 1953, de acordo o Jornal "Folha de São Paulo", como relata abaixo:
Jornal Estado de São Paulo - Edição 22/Set/1953 - Página 7
Fonte: acervo.estadao.com.br
Fotos do acidente:
Fonte: http://www2.uol.com.br/debate/1391/cadd/cadd.htm
Fonte: http://www2.uol.com.br/debate/1391/cadd/cadd.htm
Fonte: http://www2.uol.com.br/debate/1391/cadd/cadernod01a.htm
O fato mais provável que poderia ter causado o acidente foi o mal uso do maçarico na caldeira.
A Sorocabana converteu estas locos para a queima de óleo BPF, ao invés de lenha ou carvão, na qual elas foram projetadas. Estas modificações eram comuns nas ferrovias, pois a escassez de lenha e o alto custo do carvão, importado de outros países, inviabilizava a operação. A modificação em si não teria problemas, desde que não ultrapassado o poder calorífico do combustível original. Para se ter uma ideia dos combustíveis, vê se abaixo a tabela do poder calorífico dos combustíveis:
Óleo BPF
|
9.600 kcal/kg
|
Carvão mineral (ótima
qualidade)
|
6.833 kcal/kg
|
Carvão
|
5.429 kcal/kg
|
Lenha
|
4.670 kcal/kg
|
Foi detectado, posteriormente que algumas equipagens alteravam o maçarico para ganhar calor e com isso, gerar vapor mais rápido. Como a caldeira não havia sido projetada para suportar tal alteração de temperatura, fora dos parâmetros de construção, algumas falhas na estrutura física da caldeira ocorria.
Foi detectado em diversas caldeiras o azulamento do céu da caldeira, indicando que o calor estava ultrapassando os limites aceitáveis do material. A fadiga do material era questão de tempo. E foi assim! Algumas caldeiras apresentavam trincas e foram soldadas novamente, mas já não era o correto, pois apesar da solda ficar resistente, outro ponto de ruptura poderia aparecer, exatamente ao lado da solda, pela perda da tempera do material.
Com as sucessões de erros de conserto e o uso contínuo de uma fonte de calor fora dos
padrões, acarretaram mais dois acidentes, com a 1005 e 1008, citado logo abaixo.
Matéria no Jornal "A Noite", de 19/01/1954, página 8, sobre a explosão da locomotiva 1008.
Fonte: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=348970_05&pagfis=22542&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#
Fonte: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=348970_05&pagfis=22542&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#
Fonte: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=348970_05&pagfis=22542&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#
Dedico esta postagem ao meu Avô, Luiz Vicente da Silveira (in memorian).
Boa tarde,
ResponderExcluirEu estou em busca de um acidente com um ferroviário ocorrido em meados de 1929-1930. Esse funcionário da antiga Sorocabana foi meu bisavô mas não sabemos o nome dele. Procurei em vários jornais nessas datas e não encontrei nada. Poderia, por gentileza, me dar alguma dica de onde procurar? Como estou montando a genealogia da família, gostaria muito de saber a identidade dele. Obrigada
Boa tarde Pri. Obrigado por escrever. Minhas pesquisas faço na internet e em jornais antigos. Neste caso do acidente, meu avô falava sobre e com muita pesquisa, consegui este material. Agora no seu caso, estas informações que você passou são muito vagas. Teria que ter mais algum detalhes como, local, sobrenome ou outra informação relevante que ajude na pesquisa. Infelizmente muito material se perdeu no tempo e algumas informações são extremamente complicadas de encontrar. Um local que poderia ajudar na pesquisa é no museu da FEPASA, localizado em Jundiaí/SP. Eles tem bastante material. (Tem que marcar hora).
ExcluirPri, mais uma informação importante. Retirei d relatório da Sorocabana de 1930:
ResponderExcluir"Damos abaixo o quadro dos descarrilamentos occorridos
desde 1924 a 1930:
Annos
Mezes
1924 1925 1926 1927 1928 1929 1930
Janeiro 52 42 185 140 100 173 121
Fevereiro 39 42 130 143 117 131 103
Março. . 34 43 120 175 213 175 78
Abril . . 45 52 188 120 152 113 70
Maio. . . 43 58 155 103 109 130 51
Junho. . 36 106 122 107 134 118 43
Julho . . 18 74 159 83 78 68 44
Agosto . 21 78 141 92 89 76 38
Setembro 17 86 172 200 77 93 41
Outubro. 30 72 146 130 64 94 36
Novembro. 36 101 103 120 57 84 43
Dezembro . 33 128 121 113 127 99 44
Total 404 882 1.742 1.526 1.317 1.354 712
Pode ver que são muitos acidentes que ocorreram em 1929 e 1930. Além disso, pode ter acidentes que não foram cobertos por jornais da época.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa tarde hoje vi essa reportagem minha filha mostrou eu sou filho do maquinista Paulo Rodrigues conhecido por Paulo Bigode que morreu na explosão da locomotiva vapor 1001 Bernardino Campos coisas do destino eu me tornei maquinista da Fepasa onde aposentei por tempo serviço tive mais sorte meu querido pai trabalhei também depois de aposentado por 9 anos na ALL parando trabalhar em 2009 tenho várias fotos de minha carreira ferroviária estarei sempre disposição do senhor para conversarmos abraços
ResponderExcluirMe chamo Edvaldo Rodrigues
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